Um coro de vozes em defesa da cooperação internacional e do multilateralismo marcou a abertura da Cúpula Mundial sobre Alimentação Escolar, realizada em Brasília. Líderes e representantes de mais de 30 nações endossaram a tese de que os programas de alimentação nas escolas são ferramentas estratégicas poderosas não apenas para combater a fome, mas também para impulsionar o desenvolvimento local, melhorar indicadores educacionais e garantir segurança alimentar. O evento, coorganizado pelo governo brasileiro e por agências da ONU, reposiciona o país no centro das discussões globais sobre nutrição, um setor em que já foi referência mundial com seu programa de merenda escolar.
Os discursos convergiram para a necessidade de articulação entre diferentes nações e organismos para financiar e estruturar políticas públicas robustas. “É preciso uma aliança global para erradicar a fome. Sozinhos, os países não conseguirão”, afirmou o director-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), enfatizando que investir na alimentação das crianças é investir no futuro produtivo de uma nação. O presidente Lula, em seu discurso, defendeu que “a merenda escolar digna é um direito humano básico” e criticou o desmonte de políticas sociais em seu próprio país durante gestões anteriores, sem citar nomes.
Além do consenso sobre a importância da alimentação escolar, a cúpula destacou a integração com agricultores familiares como um modelo a ser perseguido. A experiência brasileira, que por lei determina que pelo menos 30% dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) sejam destinados à compra da agricultura familiar, foi apresentada como caso de sucesso. Esse modelo é visto como um ciclo virtuoso que, simultaneamente, garante alimentação saudável às crianças, movimenta a economia local e fortalece pequenos produtores rurais. A expectativa é que a Cúpula resulte em um pacto internacional concreto com metas e financiamentos para ampliar o acesso à alimentação escolar de qualidade no mundo.
