Internacional

Brasileiros da Flotilha Humanitária Relatam Torturas por Forças Israelenses

Sobreviventes descrevem espancamentos, choques elétricos e privação de sono durante 12 dias de detenção; Itamaraty convoca embaixador de Israel para explicações

Sobreviventes brasileiros da Flotilha da Liberdade III relataram nesta quarta-feira (8) terem sido submetidos a torturas físicas e psicológicas durante os 12 dias em que permaneceram detidos pelas Forças de Defesa de Israel (FDI). Os testemunhos, prestados em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, detalham violações sistemáticas de direitos humanos que incluem espancamentos, choques elétricos e privação de sono.

Entre as vítimas está a enfermeira paulista Maria Silva, 34 anos, que descreve ter sido mantida em cela gelada sem roupas e submetida a interrogatórios noturnos com luzes intensas. “Aplicavam choques em partes sensíveis do corpo enquanto nos chamavam de ‘terroristas’. Foi a experiência mais desumana que já vivi”, declarou, ainda visivelmente abalada.

professor universitário Carlos Santos, 45 anos, mostrou marcas de queimaduras nos braços e costas que atribui a cigarros acesos pressionados contra sua pele. “Eram métodos para nos fazer confessar crimes que não cometemos – diziam que éramos agentes do Hamas disfarçados de ativistas humanitários”, relatou.

missão humanitária, composta por seis navios com 750 ativistas de 40 países, foi interceptada em 26 de setembro pela marinha israelense em águas internacionais, quando tentava romper o bloqueio marítimo à Faixa de Gaza. Os 15 brasileiros a bordo foram libertados na terça-feira (7) após intensa pressão diplomática.

Itamaraty convocou o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, para explicações urgentes sobre os relatos de tortura. Em nota, o ministério classificou os episódios como “graves violações do direito internacional humanitário” e exigiu “investigação completa e transparente” por parte do governo israelense.

Organização das Nações Unidas (ONU) manifestou “profunda preocupação” com os testemunhos e anunciou a abertura de investigação independente. O Alto Comissariado para Direitos Humanos pediu acesso imediato aos centros de detenção israelenses onde os ativistas estiveram presos.

Médicos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha que examinaram os brasileiros após sua libertação confirmaram a existência de “lesões compatíveis com relatos de tortura“, incluindo fraturas não tratadas, queimaduras e traumatismo craniano. Os laudos médicos foram encaminhados ao Ministério Público Federal.

Os relatos incluem ainda:

  • Privação de água e comida por até 72 horas

  • Impedimento de uso de banheiros

  • Ameaças de execução sumária

  • Humilhações com conteúdo religioso

  • Negação de atendimento médico

Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) emitiram notas conjuntas condenando as supostas torturas e exigindo punição dos responsáveis. A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão abriu procedimento para apurar o caso.

governo israelense, por meio de seu ministério das Relações Exteriores, negou as acusações, classificando-as como “propaganda antissemita” e afirmando que todos os detidos foram “tratados de acordo com a lei internacional“. A embaixada de Israel em Brasília prometeu enviar “provas documentais” contradizendo os relatos.

Os sobreviventes brasileiros anunciaram que processarão o Estado de Israel na Corte Penal Internacional por crimes de guerra e tortura. Enquanto isso, a Flotilha da Liberdade IV já está sendo organizada, com previsão de zarpar em dezembro, segundo os organizadores.

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