O Corpo de Bombeiros de São Paulo descartou, após perícia técnica detalhada, que uma explosão tenha causado o desabamento parcial do restaurante “Sabor Paulistano”, localizado na Avenida Paulista, na manhã desta quinta-feira (9). As investigações iniciais apontam para problemas estruturais no imóvel como origem do acidente, que deixou sete pessoas feridas, todas em estado estável.
De acordo com o tenente-coronel Álvaro Silva, coordenador das operações, a ausência de marcas de queimaduras, vidros estilhaçados para fora do prédio ou qualquer resíduo característico de explosivo levou à conclusão de que não houve detonação. “A estrutura simplesmente cedeu devido a problemas crônicos de manutenção que se acumularam ao longo do tempo”, explicou.
O restaurante, que funcionava há 15 anos no local, passou por reforma há seis meses para ampliação do salão, e a Secretaria Municipal de Licenciamento já havia notificado o proprietário sobre a necessidade de vistoria técnica na estrutura. Testemunhas relataram que, minutos antes do desabamento, funcionários ouviram estalos vindos do teto.
As sete vítimas – três clientes e quatro funcionários – foram levadas para o Hospital Santa Catarina e para o Pronto-Socorro do Coração. Todas apresentavam ferimentos leves, como escoriações e fraturas simples, e nenhuma corre risco de morte. Dois bombeiros que atuaram no resgate também receberam atendimento médico por inalação de poeira.
A Defesa Civil interditará o imóvel e os vizinhos até que uma avaliação estrutural completa seja realizada. Os prédios contíguos ao restaurante foram evacuados preventivamente, e moradores foram orientados a não retornar até nova avaliação técnica.
O proprietário do estabelecimento, identificado como Carlos Eduardo Martins, afirmou que realizou todas as vistorias necessárias após a reforma e que o imóvel possuía toda a documentação regularizada. Ele se colocou à disposição das autoridades e declarou que cobrirá todas as despesas médicas das vítimas.
A Av. Paulista, uma das mais movimentadas da cidade, teve o trânsito parcialmente interrompido por cerca de três horas, com reflexos em várias vias da região. O tráfego foi normalizado por volta das 14h, após a remoção dos escombros.
Especialistas em engenharia estrutural ouvidos pela reportagem alertam que casos como esse poderiam ser evitados com vistorias periódicas obrigatórias em imóveis comerciais. Um projeto de lei que tramita na Câmara Municipal propõe que estabelecimentos com mais de 10 anos passem por inspeção a cada dois anos.
O caso será investigado também pelo Ministério Público de São Paulo, que apurará possíveis responsabilidades por negligência. A prefeitura anunciou que reforçará a fiscalização em imóveis comerciais na região da Paulista, muitos deles em edifícios históricos com mais de 50 anos.
