Um abrangente estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (17) revela que as alterações climáticas foram responsáveis por 16.500 mortes relacionadas ao calor extremo em território europeu durante o verão de 2025. Os dados, coletados entre os meses de junho e agosto, mostram um aumento alarmante de 87% na mortalidade associada a temperaturas elevadas quando comparado à média dos últimos cinco anos.
O relatório detalha que os países mediterrânicos foram os mais severamente afetados, com a Grécia registrando 3.100 óbitos, a Itália contabilizando 2.900 mortes e a Espanha reportando 2.200 vítimas fatais. Portugal, também na região sul do continente, somou mil óbitos no período. Na Europa Ocidental, a França liderou as estatísticas com 1.800 mortes, seguida pela Alemanha com 1.500 e pelo Reino Unido com mil casos fatais.
A análise demográfica das vítimas mostra que a população idosa foi a mais vulnerável, com 72% dos óbitos ocorrendo entre pessoas com mais de 75 anos. As áreas urbanas concentraram 68% das mortes, evidenciando o efeito das ilhas de calor nas grandes cidades. Do total de falecimentos, 85% das vítimas apresentavam comorbidades cardiorrespiratórias pré-existentes, enquanto 40% viviam em situação de isolamento social.
Os sistemas de saúde europeus implementaram planos de contingência em 21 dos 27 países da União Europeia, habilitando 12.500 leitos extras de cuidados intensivos para enfrentar a crise. Foram disponibilizados 3.800 centros de refrigeração em áreas urbanas e ativados sistemas de alerta precoce em 15 nações.
O contexto climático do período mostra que as temperaturas médias permaneceram 3,2°C acima da média histórica, com algumas regiões experimentando 42 dias consecutivos de onda de calor. A precipitação pluviométrica registrou redução de 56% no volume de chuvas, enquanto a umidade relativa do ar manteve-se abaixo dos 15% por trinta dias consecutivos em diversas áreas.
A OMS emitiu recomendações urgentes para o enfrentamento da crise climática, incluindo a implementação de infraestrutura urbana adaptada com telhados verdes e superfícies reflexivas, o desenvolvimento de sistemas de alerta mais precisos, a capacitação hospitalar para síndromes de calor extremo e a criação de programas de acompanhamento para grupos vulneráveis.
As projeções para 2026 são ainda mais preocupantes, com estimativas apontando para entre 20.000 e 25.000 óbitos relacionados ao calor. Perdas econômicas da ordem de 48 bilhões de euros são previstas, assim como possível migração climática de até 500.000 pessoas. Especialistas recomendam investimentos imediatos de 120 bilhões de euros em infraestrutura de adaptação.
O relatório final será apresentado na próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), programada para novembro deste ano, onde se espera que os dados contribuam para a adoção de medidas mais rigorosas de combate às mudanças climáticas e de proteção às populações vulneráveis.
