Uma grave crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos se instalou após o governo norte-americano negar a concessão do visto ao ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que lideraria a delegação brasileira na Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova York. Em resposta direta ao que classifica como um “ato de desrespeito”, o Palácio do Planalto decidiu que o ministro não participará do evento. O Itamaraty emitiu uma nota oficial repudiando a decisão dos EUA e informou que a comitiva brasileira será chefiada pelo embaixador junto à ONU, enquanto avalia “proporcionais medidas de reciprocidade”.
Fontes diplomáticas ouvidas pelo AgoraOn indicam que a restrição a Padilha está diretamente ligada às suas visitas a países integrantes do chamado “Eixo do Mal” norte-americano – como Irã e Venezuela – em missões oficiais no ano anterior. O Departamento de Estado dos EUA teria interpretado essas viagens como um alinhamento com nações sob pesadas sanções internacionais, utilizando o poder discricionário de barramento de vistos como uma ferramenta de pressão política. A medida é raríssima quando aplicada a autoridades de alto escalão de um país com o qual os EUA mantêm relações diplomáticas formais.
O episódio é analisado como o ponto mais baixo na relação bilateral desde a posse do atual governo, agravando ainda mais o afastamento iniciado com as tarifas comerciais impostas meses antes. Especialistas em política internacional avaliam que a resposta brasileira, ponderada mas firme, sinaliza que não cederá a pressões unilaterais. A expectativa é que o tema domine os bastidores da assembleia da ONU, com o Brasil potencialmente buscando apoio entre outras nações emergentes que se sentem vulneráveis a ações semelhantes. O imbróglio deve impactar negativamente a cooperação em áreas sensíveis como segurança, combate ao terrorismo e comércio bilateral.
