Ribeirão Preto

Empresários são condenados por lavagem de dinheiro com uso de bingo “beneficente” em Sertãozinho

Justiça impôs penas de até 20 anos de prisão por esquema que usou empresas de fachada, “laranjas” e nome da Apae para ocultar dinheiro do tráfico de drogas; indenização de R$ 500 mil foi determinada em favor da instituição


Seis pessoas foram condenadas pela Justiça de São Paulo por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro que utilizou o nome da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Sertãozinho, no interior do estado, para ocultar recursos ilícitos oriundos do tráfico de drogas e de jogos de azar. A quadrilha chegou a realizar bingos com suposto caráter beneficente, mas que, segundo a sentença, tinham como verdadeiro objetivo disfarçar a origem do dinheiro sujo.

Entre os condenados está o empresário Paulo Eduardo Pignata, apontado como líder da organização, que recebeu pena de 20 anos de prisão. Sua ex-esposa, Simone Martinussi Pignata, foi condenada a 15 anos, e Samuel da Silva, outro articulador do grupo, recebeu 10 anos de pena. Além da reclusão, Paulo e Samuel deverão pagar R$ 500 mil de indenização por danos morais coletivos à Apae de Sertãozinho.

A investigação que resultou na condenação dos acusados teve início com a deflagração da Operação “Bingo”, em outubro de 2022. Na ocasião, Simone foi presa em um apartamento de alto padrão na Avenida João Fiúsa, em Ribeirão Preto, com cerca de R$ 300 mil em espécie, entre reais, dólares e euros. Paulo foi localizado em um condomínio de luxo na Vila do Golfe, também em Ribeirão.

De acordo com os autos, os investigados utilizaram empresas de fachada, movimentações financeiras entre “laranjas” e fracionamento de valores para despistar as autoridades. O ponto central do esquema foi a realização do “Bingo Sertão”, que obteve autorização judicial para arrecadar fundos destinados à Apae, mas cuja execução ocorreu em um imóvel de propriedade dos próprios investigados. O juiz responsável pelo caso destacou que o evento não possuía características de um bingo beneficente e foi usado para maquiar a origem ilícita de aproximadamente R$ 223 mil movimentados – dos quais apenas R$ 18 mil foram repassados à instituição.

A sentença também apontou falsidade ideológica na obtenção do alvará judicial para o bingo, já que o grupo omitiu suas reais intenções e alterou unilateralmente o local do evento e a empresa executora. A Justiça determinou ainda o bloqueio e a perda de bens dos condenados.

A defesa de Paulo e Simone, representada pela advogada Mariana Queiroz Reis, afirmou que recorrerá da decisão e que há nos autos elementos que comprovam a idoneidade dos réus. Já os advogados de Samuel da Silva também anunciaram que entrarão com os recursos cabíveis.

Com o desfecho do caso em primeira instância, o processo agora segue para análise de eventuais recursos por parte dos réus. A Apae de Sertãozinho, usada de forma indevida pela organização, será indenizada conforme decisão judicial.

Posts relacionados

Ricardo Silva Anuncia Novos Secretários e Diretores para 2025 em Ribeirão Preto

Fabio Benedicto

Tempo Seco e Queimadas Aumentam Riscos de Doenças Respiratórias e Dermatológicas em Ribeirão Preto e Região

Fabio Benedicto

Exposição “Inside Out”, da artista Zaza Amaral, estreia no ShoppingSantaÚrsula

Fabio Benedicto

Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao utilizar nossos serviços, você está ciente dessa funcionalidade. Informamos ainda que atualizamos nosso Aviso de Privacidade.. Conheça nosso Portal da Privacidade e veja o nosso novo Aviso. ACEITAR LEIA POLITICA DE PRIVACIDADE

Política de Privacidade e Cookies