Cultura

Escritora Angolana Ana Paula Tavares Conquista Prêmio Camões 2025

Poeta e historiadora é a primeira autora angolana a receber a mais importante honraria da literatura em língua portuguesa; obra celebra memória, mulheres e identidade africana

A poetisa e historiadora angolana Ana Paula Tavares foi anunciada nesta segunda-feira (6) como a vencedora do Prêmio Camões 2025, a mais importante distinção literária da língua portuguesa. Aos 68 anos, ela se torna a primeira escritora angolana a receber a honraria, consolidando décadas de dedicação à poesia e à pesquisa histórica sobre as culturas africanas.

O anúncio foi realizado simultaneamente em Lisboa e no Rio de Janeiro, pelas ministras da Cultura de Portugal e do Brasil. O júri destacou a profundidade lírica e o compromisso histórico da obra de Tavares, que “conjuga a sensibilidade poética com o rigor da investigação antropológica“, criando uma “ponte singular entre a tradição oral angolana e a literatura contemporânea“.

Natural do Lubango, no sul de Angola, Ana Paula Tavares construiu uma trajetória literária singular que atravessa fronteiras geográficas e temporais. Sua obra poética, iniciada com “Ritos de Passagem” em 1985, é marcada por uma linguagem densa e imagética que explora temas como a memória colonial, a condição feminina e as heranças culturais do povo ovimbundu.

Além de sua produção literária, Tavares é doutora em História pela Universidade Nova de Lisboa e especialista em patrimônio cultural angolano. Seus estudos sobre tradição oral e literatura de autoria feminina em Angola são referência acadêmica internacional, sendo frequentemente citados em universidades da Europa e das Américas.

A escritora já havia recebido importantes prêmios literários, como o Prêmio Sagrada Esperança (1989) e o Prêmio Mário António (2004), mas o Camões representa o reconhecimento máximo de sua carreira. Em declaração por vídeo, a autora dedicou o prêmio “a todas as mulheres africanas que carregam a memória de seus povos” e “às novas gerações de escritores angolanos“.

ministro da Cultura de Angola, João Melo, classificou a premiação como “justo reconhecimento de uma das vozes mais importantes da literatura africana contemporânea“. Já o Instituto Internacional da Língua Portuguesa destacou que a escolha “enriquece o cânone literário lusófono” e “amplia as perspectivas da língua portuguesa no mundo“.

Ana Paula Tavares é a segunda mulher africana a vencer o Prêmio Camões – a primeira foi a moçambicana Paulina Chiziane, em 2021. Sua obra está traduzida para francês, inglês, espanhol e italiano, com edições recentes lançadas por editoras europeias de prestígio.

A cerimônia de entrega do prêmio ocorrerá em novembro, no Rio de Janeiro, durante a Bienal do Livro, com a presença de representantes dos oito países de língua oficial portuguesa. O Prêmio Camões é dotado de 100 mil euros e foi criado em 1988 para consagrar autores de língua portuguesa cuja obra contribua para o enriquecimento do patrimônio literário comum.

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