Nova análise toxicológica confirma envenenamento de Nathalia Garnica, irmã do médico Luiz Garnica, investigado pela morte da esposa Larissa Rodrigues
O Instituto Médico Legal de Ribeirão Preto concluiu que Nathalia Garnica, irmã do médico preso sob suspeita de ter matado a própria esposa por envenenamento, também morreu após ingerir chumbinho, um veneno ilegal para matar ratos. A revelação surge a partir do laudo toxicológico finalizado após exumação do corpo da vítima.
Nathalia morreu em fevereiro de 2025, um mês antes da morte de Larissa Rodrigues, professora de pilates de 37 anos, que também foi envenenada. O caso agora ganha novos contornos, ao unir duas mortes na mesma família por causas semelhantes, ainda que as substâncias sejam diferentes.
Exumação e análise
O corpo de Nathalia foi exumado no município de Pontal (SP), onde ela havia sido sepultada. A análise feita nos restos mortais revelou a presença de carbofurano, um tipo de chumbinho. Traços da substância foram encontrados no pulmão, estômago e fígado da vítima. Os resultados ainda serão oficialmente anexados à investigação conduzida pela Polícia Civil.
Apesar de os sintomas e o efeito das substâncias serem parecidos, a composição química do veneno ingerido por Nathalia é diferente da detectada no corpo de Larissa, cuja análise apontou aldicarb, também da classe dos carbamatos. Ambas as substâncias, no entanto, são extremamente tóxicas e causam náusea, tontura, falência respiratória e parada cardíaca.
Morte suspeita e nova linha de investigação
Nathalia Garnica, que tinha 42 anos, faleceu repentinamente após um mal-estar agudo. A causa inicial da morte havia sido registrada como infarto, sem sinais visíveis de doenças cardíacas pré-existentes. Diante da morte suspeita de Larissa semanas depois, o corpo da irmã foi exumado para análise complementar, o que acabou confirmando a suspeita de envenenamento.
A semelhança entre os sintomas, o intervalo curto entre as mortes e o histórico familiar motivaram os investigadores a relacionarem os dois casos. Agora, além da morte de Larissa, a de Nathalia também entra oficialmente no inquérito.
O caso Larissa
Larissa Rodrigues foi encontrada morta em 22 de março de 2025, no apartamento onde morava com o marido, o médico Luiz Antonio Garnica, em Ribeirão Preto. A investigação revelou que ela havia descoberto uma traição e teria comunicado ao companheiro a intenção de se divorciar dias antes da morte.
O laudo médico apontou que Larissa morreu por envenenamento, sem sinais de violência física. Foram detectadas lesões no pulmão e no coração compatíveis com intoxicação aguda por veneno. O caso é tratado como homicídio qualificado. Garnica e sua mãe, Elizabete Arrabaça, de 67 anos, estão presos preventivamente.
A mãe, que foi a última pessoa a estar no apartamento antes da morte da nora, alegou em uma carta divulgada à imprensa que Larissa teria ingerido, por engano, um remédio para dor de estômago que estava contaminado com veneno de rato, mas que ela não sabia da contaminação.
Cadeia de custódia e autenticidade do laudo
A equipe responsável pela exumação e análise toxicológica reforçou que os procedimentos seguiram protocolos internacionais, com lacre e cadeia de custódia mantidos desde a coleta até a entrega da amostra ao laboratório. O laudo, agora pronto, ainda precisa ser assinado pelo médico legista e fundamentado com base técnica antes de ser entregue oficialmente à delegacia responsável pelo caso.
Próximos passos
Com a confirmação do envenenamento de Nathalia, o inquérito policial pode ganhar novos desdobramentos. A expectativa é que o novo laudo fortaleça a linha investigativa sobre um possível padrão de ação no envenenamento das duas mulheres.
A Polícia Civil, por sua vez, ainda busca esclarecer o que motivou a morte da irmã e se há ligação direta entre os dois crimes. O cerco se fecha em torno dos envolvidos, e a complexidade do caso exige um aprofundamento técnico e judicial que deve se intensificar nos próximos dias.
