O governo israelense autorizou nesta quarta-feira (24) a abertura de um corredor humanitário temporário por 48 horas para permitir a evacuação de civis da Cidade de Gaza. A medida, anunciada pelo Ministério da Defesa de Israel, representa uma janela crítica para milhares de palestinos que buscam escapar dos intensos combates entre forças israelenses e grupos militantes.
O corredor, que ficará aberto das 6h às 18h de quinta e sexta-feira, permitirá a saída de civis pelo setor nordeste da cidade, em direção às áreas humanitárias designadas no sul do território. A rota foi minuciosamente mapeada e desminizada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), com garantias de cessar-fogo durante o período de evacuação.
A Organização das Nações Unidas (ONU) recebeu a comunicação oficial e já mobilizou seus equipamentos de assistência humanitária para auxiliar no processo de evacuação. Segundo estimativas da agência para refugiados palestinos (UNRWA), até 35.000 civis poderão aproveitar a janela humanitária para deixar a área de conflito.
O porta-voz das FDI, almirante Daniel Hagari, destacou que a medida visa “proteger vidas civis e facilitar a ajuda humanitaria”, mas alertou que qualquer “tentativa de uso do corredor por militantes será repelida com força”. As forças israelenses manterão postos de verificação ao longo da rota para garantir que apenas civis desarmados utilizem a passagem.
A Cruz Vermelha Internacional e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) atuarão como observadores independentes durante a operação, monitorando o cumprimento dos protocolos humanitários por ambas as partes. Médicos sem Fronteiras também disponibilizará equipes médicas volantes para atendimento ao longo do trajeto.
A comunidade internacional recebeu a medida com cauteloso otimismo. O secretário-geral da ONU, António Guterres, classificou a abertura do corredor como “passo necessário, porém insuficiente” frente à magnitude da crise humanitária. Diplomatas europeus e árabes pressionam por uma janela humanitária mais prolongada.
Esta é a terceira vez que Israel abre corredores temporários desde o início da atual fase do conflito, mas a primeira especificamente dedicada à Cidade de Gaza. Anteriormente, cerca de 85.000 palestinos já utilizaram rotas semelhantes para se deslocar para áreas mais seguras.
Analistas humanitários alertam que a janela de 48 horas é insuficiente para esvaziar completamente a área, mas reconhecem que pode salvar milhares de vidas. A ONU estima que aproximadamente 120.000 civis permaneçam na Cidade de Gaza, muitos deles em condições extremamente precárias.
O sucesso da operação dependerá da cooperação de todas as partes envolvidas e da garantia de segurança contínua ao longo do corredor. O fracasso em evacuaciones anteriores devido a violações do cessar-fogo levou ao fechamento prematuro de rotas humanitárias, deixando milhares encalhados em zonas de combate.
