Felippe Miranda, que estava preso desde 5 de junho, confessou ter jogado o corpo de Nelson Carreira Filho no Rio Grande. Empresário desapareceu há dois meses e ainda não foi encontrado.
A Justiça de São Paulo determinou, nesta quinta-feira (17), a soltura de Felippe Miranda, investigado por envolvimento na morte do empresário Nelson Carreira Filho, de 43 anos, desaparecido desde 16 de maio após uma reunião de negócios em Cravinhos (SP). A decisão ocorre mesmo com a confissão do suspeito de que transportou e jogou o corpo da vítima no Rio Grande, em Miguelópolis (SP).
Preso desde o dia 5 de junho em Uberlândia (MG), Felippe foi apontado pela Polícia Civil como o homem que, a mando de Marlon Couto Júnior, amarrou o corpo de Nelson a uma moto aquática, levou-o até o rio e tentou afundá-lo com concreto. O empresário, que era de São Paulo (SP), ainda não foi encontrado, apesar das buscas realizadas pelos bombeiros.
Segundo as investigações, o crime foi motivado por desavenças comerciais entre Nelson e Marlon, considerado o autor do assassinato. Felippe seria um “quebra-galhos” de Marlon e teria feito várias viagens à região de Ribeirão Preto nos dias que antecederam o desaparecimento da vítima.
Recompensa e ocultação
Durante depoimento, Felippe afirmou que só soube do crime ao chegar à cidade, mas acabou cedendo à pressão de Marlon, que prometeu uma recompensa financeira futura para ocultar o corpo. O suspeito relatou que o corpo estava enrolado em uma lona e que, ao perceber que ele não afundava, usou concreto para tentar escondê-lo no fundo do rio.
Apesar de ter participado das buscas com os bombeiros, Felippe não conseguiu indicar o local exato onde lançou o corpo. Segundo os mergulhadores, a área é de difícil acesso, repleta de aguapés e com baixa visibilidade, o que dificulta a localização do cadáver. A retomada das buscas depende de novas pistas.
Viagens suspeitas e apagamento de mensagens
A polícia apurou que Felippe esteve em Cravinhos entre os dias 12 e 14 de maio, retornou a Uberlândia no dia 15 e voltou à cidade no dia 16, data do assassinato. Quatro dias antes do crime, ele gravou um vídeo de dentro de um hotel em Ribeirão Preto com dois homens não identificados. Também apagou várias mensagens trocadas com a esposa, inclusive as do dia do crime.
As investigações indicam que ele tinha ligações comerciais com Marlon desde julho de 2024, envolvendo a venda de suplementos e o transporte de produtos ilegais. Essas informações fragilizam a versão de Marlon de que matou Nelson em legítima defesa.
Outros envolvidos
Até o momento, oito pessoas foram indiciadas pelo crime, incluindo cinco membros da mesma família. Dentre elas está Tadeu Almeida, gerente da empresa de Marlon, que está preso e confessou ter ajudado a enrolar o corpo em lonas e levar o carro de Nelson até São Paulo, onde foi encontrado abandonado na zona norte da capital.
O delegado Heitor Moreira revelou que, no dia do assassinato, Tadeu agendou uma dedetização na sede da empresa e dispensou os funcionários, o que reforça a tese de premeditação. Exames com luminol realizados no prédio encontraram vestígios de sangue.
Marcela, outra envolvida no caso, chegou a ser presa, mas foi liberada pela Justiça no fim de junho. Até o momento, somente Tadeu permanece preso preventivamente.
Família segue sem respostas
A irmã de Nelson lamentou a soltura de Felippe e afirmou que a família continua vivendo em luto.
“A cada dia que passa sem encontrarmos meu irmão, a dor aumenta. E agora soltam uma pessoa que confessou ter jogado o corpo no rio. É desesperador”, disse.
A Polícia Civil segue investigando o paradeiro do corpo de Nelson Carreira Filho. Novas diligências devem ser feitas nos próximos dias, com base em dados de celulares e movimentações financeiras dos envolvidos.

