Nova estimativa é a décima redução seguida e mantém a inflação acima do teto da meta oficial, colocando Brasília em alerta.
Nesta segunda-feira, o mercado financeiro ajustou mais uma vez para baixo sua previsão de inflação para este ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve encerrar 2025 em 5,07%, uma queda em relação aos 5,09% estimados na pesquisa anterior — marcando a décima semana seguida de revisões em queda.
Apesar do ajuste, o índice continua acima do teto da meta da inflação, que é de 4,5%. Desde o início do ano, o regime de metas adotado pelo Banco Central exige que qualquer período com inflação acima da margem superior resulte na emissão de carta pública ao ministro da Fazenda.
As projeções também foram revisadas com leve redução para os anos seguintes: para 2026, a estimativa passou de 4,44% para 4,43%, enquanto as previsões mantêm-se em 4% para 2027 e 3,8% para 2028.
📊 Principais indicadores do Boletim Focus
| Indicador | Estimativa |
|---|---|
| Inflação (IPCA) 2025 | 5,07% |
| Inflação 2026 | 4,43% |
| Meta oficial de inflação | 3% com tolerância até 4,5% |
| PIB 2025 | 2,23% (mantido) |
| PIB 2026 | 1,88% (redução de 1,89%) |
| Selic (juros básicos) 2025 | 15% ao ano |
| Selic esperada 2026 | 12,5% |
| Dólar (2025) | R$ 5,60 |
| Dólar (2026/2027) | R$ 5,70 |
Contexto e impactos
A desaceleração na projeção inflacionária ocorre em paralelo à estabilidade da taxa básica de juros (Selic), que permaneceu em 15% ao ano após sete aumentos consecutivos. A expectativa de analistas é que esse patamar seja mantido até o fim de 2025, com cortes somente previstos a partir de janeiro de 2026.
O cenário sugere que os efeitos das elevações recentes na Selic ainda estão em curso, enquanto os efeitos de choques de oferta — como os preços da energia elétrica — continuam pressionando os preços ao consumidor.
Desafios para a política monetária
O fato de a inflação permanecer acima do teto da meta por seis meses consecutivos ativa o mecanismo legal que exige uma justificativa pública do presidente do Banco Central, detalhando causas, impactos e medidas para retorno ao intervalo aceitável.
Em meio a esse quadro, a autoridade monetária adota postura cautelosa: mesmo com a redução gradual das estimativas, não sinaliza cortes de juros a curto prazo — dada a persistência da inflação elevada e a volatilidade global.
Em resumo
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A inflação esperada em 2025 caiu para 5,07%, mas segue acima do teto de 4,5%;
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A Selic permanece em 15%, e cortes são previstos apenas para 2026;
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O crescimento da economia deve ser de 2,23% este ano, com leve ajuste para baixo em 2026.
