O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), voltou a destacar nesta quinta-feira (4) que não há definição sobre a tramitação do projeto que propõe anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. A declaração foi feita em meio ao aumento da pressão de setores políticos e da sociedade que defendem a inclusão imediata da matéria na pauta do Plenário.
Segundo Motta, o assunto segue em análise dentro do colégio de líderes, mas ainda sem acordo que permita a votação. “Não há nenhuma novidade com relação a isso. O tema será discutido quando houver convergência, tanto daqueles que defendem quanto dos que são contrários”, disse.
Pressões políticas e apoios públicos
A indefinição ocorre num momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado. Paralelamente, aliados do ex-presidente intensificaram a articulação no Congresso, buscando viabilizar a anistia a investigados e condenados pelos ataques.
Entre os principais defensores está o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que já manifestou apoio público à proposta. Nos bastidores, parlamentares do Centrão também pressionam pela votação, enquanto partidos de oposição ao governo federal avaliam os custos políticos de se alinhar ou não à pauta.
Cautela e equilíbrio no comando da Câmara
Motta, porém, mantém a postura de neutralidade e reforça que não cederá a pressões externas. A posição busca preservar o equilíbrio dentro da Casa, evitando que a Câmara seja palco de uma nova crise institucional.
A sinalização de prudência do presidente da Câmara indica que a proposta ainda enfrenta um caminho longo e incerto. Para ser levada ao Plenário, precisa contar com maioria no colégio de líderes, o que, até o momento, não foi alcançado.
Cenário em aberto
A falta de definição reforça a complexidade do tema: de um lado, setores que defendem a anistia como gesto político de pacificação; de outro, partidos e lideranças que veem a medida como um risco à estabilidade democrática, já que poderia abrir precedente para impunidade em relação a crimes contra as instituições.
Enquanto o debate se arrasta no Congresso, o STF segue com julgamentos que podem resultar em penas duras contra os responsáveis pelos atos de janeiro, aprofundando ainda mais a tensão entre os Poderes.
