Luiz Antonio Garnica e Elizabete Arrabaça são réus por feminicídio; movimentações financeiras e tentativa de quitar imóvel indicam motivação patrimonial
O Ministério Público denunciou o médico Luiz Antonio Garnica e sua mãe, Elizabete Arrabaça, pela morte da professora de pilates Larissa Rodrigues, ocorrida em março deste ano em Ribeirão Preto (SP). De acordo com a Promotoria, mãe e filho atuaram juntos para envenenar a vítima e evitar a partilha de bens no processo de separação.
Larissa havia comunicado a intenção de se divorciar após descobrir uma traição por parte do companheiro, com quem mantinha um relacionamento há 18 anos. A professora morreu na madrugada de 22 de março, após um suposto agravamento de um quadro clínico que, segundo o MP, foi forjado com o uso sucessivo de pequenas doses de chumbinho.
Segundo as investigações, Garnica utilizou medicamentos e alimentos para administrar o veneno à vítima, com o auxílio direto da mãe, que esteve no apartamento do casal na véspera do falecimento. O promotor do caso sustenta que Larissa teria recebido uma dose letal no período em que esteve sozinha com a sogra.
Acesso a contas e tentativas de quitar financiamento
Quatro dias após a morte de Larissa, Garnica acessou as contas bancárias da vítima, efetuou o pagamento do IPVA do carro dela e entrou em contato com a Caixa Econômica Federal para acionar o seguro habitacional do apartamento onde moravam. Também foi identificado que ele gerou nova senha para acesso a portais de seguro em nome da esposa.
As movimentações ocorreram entre 24 e 30 de março, e incluíram tentativas de transações, pagamentos com o cartão da vítima e pesquisas sobre rescisão contratual e liberação de fundo de garantia. O MP afirma que Garnica demonstrou pressa em resolver pendências financeiras ligadas ao patrimônio do casal.
Relatos e indícios de violência psicológica
Depoimentos colhidos na investigação indicam que Garnica impediu a esposa de procurar atendimento médico e a ameaçou com uma injeção letal caso insistisse na separação. Larissa também relatou a pessoas próximas que passava mal após visitas da sogra e que tinha sido proibida de buscar ajuda hospitalar.
A mãe do médico, segundo o MP, teria administrado doses do veneno por acreditar que a partilha dos bens do casal seria injusta. Testemunhas relataram que ela pediu dinheiro emprestado ao pai de Larissa para ajudar o filho a quitar parcelas do imóvel.
Prisão preventiva e acusações
Garnica e Elizabete foram presos no início de maio. A Justiça converteu as prisões temporárias em preventivas nesta semana. Ambos respondem por feminicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. O médico também foi denunciado por fraude processual, por supostamente ter alterado a cena do crime.
A Justiça autorizou a quebra dos sigilos bancários dos acusados e da vítima. O inquérito considera ainda a possibilidade de crime patrimonial como principal motivação.
