O recente aumento na conta de energia não se deve apenas à inflação ou à manutenção da infraestrutura: a mudança climática vem impactando diretamente a produção, a transmissão e o consumo de energia elétrica no Brasil. Entenda como isso afeta o seu bolso.
1. Secas prolongadas e queda na geração hidrelétrica
A maior parte da energia no país ainda vem das hidrelétricas, que dependem dos níveis dos reservatórios. Em períodos de seca intensa, o fluxo dos rios diminui drasticamente, reduzindo a oferta de energia. Isso leva a um aumento na dependência de termelétricas — que usam combustíveis mais caros — e eleva o custo final ao consumidor.
2. Tempestades mais frequentes danificam a rede elétrica
Chuvas fortes, ventanias e outros fenômenos extremos têm se tornado mais recorrentes e danoso para a estrutura elétrica, especialmente em áreas urbanas. Postes, linhas de transmissão e transformadores frequentemente sofrem danos, exigindo reparos urgentes e onerosos que são repassados às tarifas.
3. Consumo em alta por causa de ondas de calor
Com o aumento das temperaturas, o uso de ar-condicionado e ventiladores dispara, elevando a demanda por energia elétrica. Isso sobrecarrega o sistema em momentos críticos, pressionando os preços, sobretudo durante picos de consumo.
4. Energia renovável também sofre com clima instável
Apesar da importância crescente das fontes renováveis — como solar e eólica —, sua produção é sensível às condições meteorológicas. Tempestades, nuvens densas e variações nos ventos podem reduzir momentaneamente a geração, prejudicando o equilíbrio entre oferta e demanda e impactando o preço da energia.
5. Mais renováveis no futuro, mas ainda com desafios
Pesquisas indicam que o país tem potencial para expandir a geração solar em até 8%, sobretudo no Centro-Oeste e Sudeste, o que pode fortalecer o sistema e, no futuro, ajudar a conter os custos. No entanto, isso exige investimentos em infraestrutura, redes inteligentes, armazenamento e diversificação da matriz energética.
Em síntese
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A crise hídrica reduz a capacidade das hidrelétricas, elevando tarifas;
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Fenômenos extremos aumentam os custos com manutenção e reparos da rede elétrica;
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O calor intensifica o consumo doméstico, pressionando horários de pico;
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A intermitência de renováveis acentua desequilíbrios na oferta de energia;
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A diversificação da matriz energética e modernização do sistema são caminhos promissores para conter a inflação tarifária.
