Alípio João Júnior, de 58 anos, é alvo de pedido de prisão preventiva por parte do Ministério Público. Fazendeiro é investigado por ameaças, injúria racial, homofobia e perturbação, e chegou a atirar em um funcionário de shopping em junho.
O fazendeiro Alípio João Júnior, de 58 anos, virou o centro de uma investigação criminal em Ribeirão Preto (SP) e está sendo acusado de protagonizar uma série de atos violentos e intimidações contra vizinhos e profissionais. O Ministério Público (MP) pediu sua prisão preventiva e alerta que ele representa um risco real à segurança pública.
Natural do Pará e com histórico de ostentação de poder, Alípio mora em um condomínio de alto padrão na zona Sul da cidade. Segundo relatos dos moradores e boletins de ocorrência, ele já explodiu bombas na varanda de vizinhos, ameaçou matar crianças e famílias inteiras, e cometeu agressões verbais com motivações racistas e homofóbicas.
Ataques em série
Os problemas com o fazendeiro se agravaram no início de julho, quando ele passou a enviar áudios ameaçadores aos vizinhos e ao síndico do condomínio. Em uma das mensagens, Alípio afirmou que iria “explodir o apartamento” de um morador por conta do barulho da filha dele, e ameaçou diretamente o síndico:
“Se você der parte de mim, eu mando matar tua filha”, diz um dos áudios obtidos pelo MP.
Nas mesmas gravações, Alípio afirma com orgulho que tem relações com policiais civis, federais e juízes aposentados, e se gaba de ter matado pessoas no Pará. As declarações também carregam xenofobia e discriminação social, chamando um dos vizinhos de “favelado, veado e gigolô”.
O promotor Paulo José Freire Teotônio classificou os áudios como “estarrecedores” e afirmou que o fazendeiro “não poderia estar vivendo no meio social”. Para o MP, além da prisão, é fundamental que Alípio passe por avaliação psiquiátrica, com base em indícios de um possível quadro de insanidade mental.
Atentado anterior em shopping
Em 17 de junho, Alípio já havia sido preso em flagrante por atirar com uma arma de pressão contra um funcionário de um shopping center, após se irritar com a perda do ticket de estacionamento. O disparo acertou a virilha do funcionário, que precisou de atendimento médico, mas sobreviveu.
Imagens de segurança mostraram Alípio saindo de sua caminhonete, pegando a arma no banco traseiro e efetuando o disparo após uma discussão. Na fuga, ele ainda foi flagrado com arma de choque, faca, canivete e nove pinos de substância semelhante à cocaína em seu veículo. Apesar da prisão, foi liberado dois dias depois.
Histórico de ameaças
Segundo o Ministério Público, as acusações contra Alípio incluem:
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Perturbação do sossego
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Ameaça e coação
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Injúria racial e com motivação homofóbica
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Perseguição
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Perigo para a vida ou saúde de outrem
Moradores relatam que o comportamento agressivo do fazendeiro é recorrente, mas se intensificou nos últimos meses. O ápice foi a explosão de um artefato semelhante a uma bomba em uma das varandas do condomínio, o que gerou pânico entre os vizinhos.
O caso reacende discussões sobre como o sistema de Justiça lida com indivíduos violentos que ostentam poder financeiro. O promotor Teotônio reforça que a sociedade não pode aceitar passivamente que “alguém com recursos, histórico de violência e desprezo pelas leis continue solto”.
O pedido de prisão preventiva foi protocolado e aguarda análise da Justiça. Até o momento, Alípio não constituiu advogado para se manifestar oficialmente sobre as acusações.
