Ração contaminada provoca morte de três cavalos em São José da Bela Vista (SP)

Animais faziam parte de plantel de reprodução e competições; outros 15 seguem em observação

Três cavalos de São José da Bela Vista (SP) morreram após ingerirem ração contaminada com uma substância tóxica. Os animais pertenciam ao criador João Pedro Gimenes Malaquias e eram utilizados em provas e reprodução. As mortes ocorreram entre maio e junho, após consumo de rações fabricadas pela empresa Nuttrata Nutrição Animal.

De acordo com o relato do proprietário, os cavalos começaram a apresentar sintomas de fraqueza, sonolência e desorientação. Uma das éguas, que estava prenha e seria levada a uma competição, morreu três dias após os primeiros sinais de intoxicação.

O Ministério da Agricultura e Pecuária determinou o recolhimento imediato de todos os produtos destinados a equinos fabricados pela empresa a partir de 21 de novembro de 2024. A comercialização foi suspensa em todo o território nacional.

Sintomas e evolução clínica

Antes da confirmação da contaminação, os animais receberam tratamento para intoxicação comum. O veterinário responsável constatou alterações hepáticas e dificuldade para fechar diagnóstico. Em vídeos gravados dias antes da morte, os cavalos apresentavam comportamento anormal, como isolamento, quedas, marcha descoordenada e batidas contra objetos.

A substância identificada foi a monocrotalina, uma toxina que afeta o fígado e o sistema nervoso central, com potencial de causar morte em curto prazo. A toxina é comum em plantas do gênero Crotalaria, cuja presença em rações é proibida.

Investigação e ações legais

O Ministério da Agricultura iniciou a investigação no fim de maio e recebeu relatos de mortes semelhantes em outras regiões do país. Todos os tutores ouvidos confirmaram o uso de produtos da mesma fabricante. Além da investigação federal, o caso também é acompanhado pela Promotoria de Justiça do Consumidor.

A empresa responsável pela ração informou que adotou medidas de controle interno, ampliou a análise de matérias-primas e iniciou revisão de fornecedores.

Além dos três cavalos mortos, outros 15 animais da mesma propriedade apresentaram sintomas e estão em observação. A defesa dos criadores prepara ações judiciais por danos materiais e morais relacionados à morte e ao tratamento dos animais afetados.