A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo confirmou nesta quinta-feira (9) três novos casos de intoxicação por metanol, elevando para dez o total de ocorrências no estado. Duas das novas vítimas permanecem internadas em estado grave na capital paulista, enquanto a terceira recebeu alta após tratamento de suporte. As investigações apontam para um possível lote contaminado de cachaça artesanal como origem dos casos.
Os novos pacientes foram atendidos no Hospital das Clínicas e no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, ambos na capital. De acordo com boletim médico, eles apresentaram sintomas característicos da intoxicação por álcool metílico, incluindo distúrbios visuais, vômitos e dor abdominal intensa. Um dos pacientes chegou a ser submetido à hemodiálise de emergência para eliminação da toxina.
A Vigilância Sanitária Estadual identificou que as vítimas consumiram a mesma marca de cachaça artesanal, produzida em Presidente Prudente e comercializada em feiras livres da região metropolitana. Amostras do produto foram recolhidas para análise laboratorial, e o estabelecimento produtor foi interditado preventivamente.
Com estes novos casos, São Paulo concentra agora 71% das ocorrências nacionais de intoxicação por metanol, que totalizam 14 confirmadas e duas mortes em todo o país. O coordenador de Urgências e Emergências do estado, Dr. Maurício Dutra, alerta que “o consumo de bebidas artesanais de origem desconhecida representa risco real à saúde“.
A Secretaria de Saúde já distribuiu 500 doses de fomepizol – antídoto específico contra intoxicação por metanol – para hospitais de referência em todas as regiões do estado. O medicamento, que chegou ao Brasil nesta semana, deve ser administrado nas primeiras oito horas após a ingestão da substância tóxica para ser efetivo.
Equipes da Polícia Civil e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizam operação conjunta para rastrear a rede de distribuição da bebida contaminada. Até o momento, foram apreendidas 1.200 garrafas em sete municípios paulistas.
Recomendações à população:
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Evitar consumo de bebidas artesanais sem procedência conhecida
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Verificar o selo de autenticidade do Instituto Nacional de Metrologia
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Desconfiar de preços excessivamente baixos
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Procurar atendimento médico imediato em caso de mal-estar após consumo
Os sintomas da intoxicação por metanol incluem:
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Visão turva ou embaçada
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Náuseas e vômitos persistentes
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Dor abdominal intensa
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Tontura e confusão mental
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Dificuldade respiratória em casos graves
A Anvisa mantém alerta nacional para fiscalização de bebidas artesanais e já interditou 27 estabelecimentos em todo o país. O órgão também investiga a origem do metanol utilizado nas adulterações, que pode ser proveniente de produtos de limpeza pirateados ou solventes industriais desviados.
Os hospitais paulistas foram orientados a notificar imediatamente qualquer caso suspeito de intoxicação por metanol à Vigilância Epidemiológica estadual. O canal de denúncias 174 também está disponível para informações sobre comércio irregular de bebidas alcoólicas.
